segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Nota 47...

" A linguagem pertence à propriedade, ao carácter próprio, à herança, à pátria do ser humano que lhe cabe por sorte, sem que ele tenha conhecimento da sua plenitude e da sua riqueza. A linguagem não só se parece com um jardim em cujas flores e frutos o herdeiro se refresca até à sua velhice mais avançada; ela é também uma das grandes formas para todos os bens em geral. Assim como a luz torna visível o mundo e a sua formação, também a linguagem o torna compreensível no mais íntimo e não se pode prescindir dela enquanto chave dos seus tesouros e segredos. Nos reinos visíveis, e mesmo nos invisíveis, lei e domínio começam com a nomeação. A palavra é matéria do espírito e serve, enquanto tal, para os mais ousados movimentos de passagem; ao mesmo tempo ela é o supremo instrumento do poder.
(...) Pode-se mesmo dizer-se que há duas espécies de história: uma, no mundo das coisas, outra, no mundo da linguagem; e esta segunda compreende não só a visão mais elaborada, como também a força mais efectiva.
(...) A linguagem não vive das suas próprias leis, porque senão os gramáticos dominavam o mundo. No seu fundo primordial, a palavra já não é forma nem chave. Torna-se idêntica ao Ser. Torna-se poder da criação. E aí está a sua força imensa, que nunca se poderá converter em moeda. Aqui apenas têm lugar aproximações. A linguagem tece em favor do silêncio, como o oásis se consagra a uma fonte. E a poesia confirma que se conseguiu entrar nos jardins intemporais. Disso vive então o tempo."
Ernst Jünger in " O Passo da Floresta"

Por vezes penso que tenho uma enorme dificuldade em comunicar... de entender os outros e que me entendam... talvez eu esteja demasiado enraízada na minha linguagem ... viciada em determinados padrões de linguagem que levam a padrões fixos de pensamentos, sentimentos e emoções...

4 comentários:

MIG-L disse...

Concordo em absoluto com a análise que deixaste. Há mto que sinto que é assim, mas não o seremos todos um pouco? Afinal de contas, é-nos sempre mais fácil julgar os outros do que a nós mesmos...
Um beijinho

(...) disse...

Por vezes a questão está precisamente em julgarmos os outros por nós mesmos ou por aquilo que queremos ignorar em nós ... talvez a questão seja unica e simplesmente julgarmos!

Anónimo disse...

Um problema na falha de comunicação é muitas das vezes e apenas tão só a falta da mesma... Torna-se difícil alguém entender outro quando simplesmente não existe comunicação de qualquer tipo. O entendimento entre as pessoas passa pela aprendizagem de outros termos empregados... outras palavras... outro sotaque das mesmas palavras... outro idioma das mesmas palavras...
Uma Galêga e um Japonês podem amar-se e não entender uma só palavra do que outro diz... mas no final de uma vida em conjunto provavelmente A Galêga saberá falar Japonês e o Japonês saberá Galêgo de uma forma xusta.

beijinhos...

(...) disse...

Cercatrova... és um romântico não és?

Eu acredito que existem vários tipos de linguagem, várias formas de comunicação entre as pessoas.

Apercebo-me que existe muita falta de diálogo, principalmente de um diálogo franco e honesto.

Essa coisa entre a "parecer" e o "ser" confunde muito! Infelizmente vive-se muito de aparências.

Talvez também existam conceitos diferentes... e as mensagens não passem assim tão claras...

Beijo...