quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Nota 94...

" Pesa-me, realmente me pesa, como uma condenação a conhecer, esta noção repentina da minha individualidade verdadeira, dessa que andou sempre viajando sonolentamente entre o que sente e o que vê"
Fernando Pessoa in "Livro do Desassossego"

Sinto que aqui entendo um pouco Fernando Pessoa. Desde criança vivo num conflito entre o que sinto e o que vejo. Tanta coisa da minha infância faz sentido agora. Muito do que me queriam mostrar eram fachadas e daí muita confusão gerei em mim. Começo a acreditar mais no que sinto do que no que me querem fazer ver. E verdade se diga tenho a sensação de cometer menos erros. Mas sem dúvida alguma esta forma de estar cria desconfianças, dúvidas, receios...

7 comentários:

Anónimo disse...

...fazes sem dúvida melhor, em acreditares no que sentes... e acredita também no que sentes que os outros sentem por ti...

beijo e boa noite... vai chambreando um vinho que a noite está fria.

Anónimo disse...

ainda gostaria de acrescentar aqui um ponto... mas vou deixar para amanhã...

beijo

(...) disse...

Eu acredito no que os outros sentem por mim mesmo quando se expressam de uma maneira contrária ao que realmente sentem....

Nem me fales no frio... nem com vinho chambreado consigo aquecer :)

Achas bem deixares-me assim em suspense?? Queres matar-me do coração?

Para um pessoa curiosa como eu isto faz mal... a sorte é que também sei ser paciente :)

Beijo...

Anónimo disse...

olá, conforme prometido, aqui volto para comentar novamente este post.
volto aqui para partilhar uma opinião minha mas também para pedir a tua. Peço desculpa de não ter vindo aqui antes conforme prometido...

O que venho aqui partilhar é algo que me é pouco dificil de falar porque interfere um pouco com os sentimentos de outra pesssoa que não quero ferir.
Existe um "casal" de namorados que eu conheço em que ele me pediu a opinião.
Neste "casal" os pais dele sempre viveram juntos, e ainda vivem, já há muitos anos. Mas ela passou por uma fase difícil na sua vida, em que os seus pais atravessaram uma fase de divórcio. Essa separação não chegou a acontecer porque infelizmente outros acontecimentos mais tristes se sucederam. Não me vou alongar mais sobre esses acontecimentos pelo grande respeito que tenho pelos sentimentos dessa minha grande amiga. Mas a questão que ele me colocou é a seguinte. Ele acredita que uma relação pode durar para o resto da vida se for alimentado o espirito do parceiro/a, mas ele questiona-se se ela acreditará no amor eterno ou viverá em conflito, nas dúvidas, desconfianças e receios constantes por ter passado pelo que passou.

Eu fui muito sincero com ele e disse-lhe: "Se ela não entender que cada pessoa é um Ser individual apenas igual a si próprio e que apesar do que ela passou, não se mentalizar que cada um individualmente tem a capacidade de guiar a sua vida, ela vai estar sempre à espera que mais tarde ou mais cedo vocês se separem. Nunca vai levar a relação de forma pacífica ou a sério e vai estar numa constante espera que lhe sejas infiel... o que muito provavelmente a levará a ela a levar uma vida desacreditada do amor de entrega total e a levará inclusivamente a ser-te infiel por achar imaginariamente que tu o és.
Então ele respondeu-me: Se ela então vive em constante dúvida talvez seja melhor nem perder tempo com ela.
E eu respondi-lhe: Tenta mostrar-lhe que o amor para sempre depende apenas de vocês dois. Não depende de exemplos melhores nem piores... não depende do passado de ninguém. Depende apenas de vocês dois unicamente e do que sentem um pelo outro.


E tu? Achas que ela poderá entender e acreditar que não existem dois amores iguais?


Beijo e bom fim-de-semana

(...) disse...

Bom... é sempre difícil dar uma opinião sobre questões como estas... tal como dizes, e eu concordo, cada pessoa é um ser único.

É certo que todos nós ficamos marcados com muitas coisas na vida... sabemos que irmãos criados pelos mesmos pais são seres diferentes. Sabemos que perante uma mesma situação duas pessoas em frações de segundos pensam e sentem coisas bem distintas...

Não se pode medir o que cada experiência de vida faz com cada individuo

No entanto penso que se conseguimos reconhecer coisas do passado que nos marcaram e que causam limitações na nossa vida devemos tentar encontrar forma de as ultrapassar. Passado é passado e ao longo da vida todos nós vamos mudando.

Ao olhar para trás de certeza que algumas coisas fariamos de forma diferente porque fomos aprendendo mas, na altura fizemos o nosso melhor de certeza mesmo errando

Sei que não é fácil limpar coisas do passado mas sei que não é impossivel, basta querer...

Para mim também existe aqui uma questão... o para sempre é muito tempo mas também sou da opinião que não devemos andar para a frente se não acreditamos que vai resultar... só o tempo dirá o que pode acontecer...nada como viver cada momento sem dúvidas e medos pois esses sentimentos são bastante destruidores, limitativos, e no fundo criados por nós mesmos.

Uma coisa que sinceramente me desgostou ler no que escreveste foi "Se ela então vive em constante dúvida talvez seja melhor nem perder tempo com ela."... para mim isto não é coisa que se diga de uma pessoa que supostamente diz gostar ou amar outra...

Acho que esse teu amigo logo à partida não merece essa tua amiga por muitas dúvidas que ela tenha.

E sabes... eu acredito que existe uma linguagem muito subtil entre as pessoas... e as dúvidas dela até podem surgir das dúvidas que ele tem em relação a ela. Isso é o suficiente, para uma pessoa sensível se aperceber que o outro não oferece segurança nenhuma.

Se ele proprio não acredita na relação lá bem no seu interior porque ha de ela acreditar se ainda por cima carrega experiências pouco gratificantes?

Hoje em dias as pessoas têm muito a mania de questionar os sentimentos dos outros, ficam nestas conversas e deixam de viver o que realmente interessa... sei que as pessoas não se sentem seguras mas não é levantando estas questões a toda a hora que resolvem as coisas, antes pelo contrário, lançam para o ar confusão e incertezas...

Existem tantas maneiras de amar e de ser amado sem ser com conversas sobre sentimentos...

Alias eu sempre penso que quem verdadeiramente ama e não se sente inseguro aceita o outro tal como é e dá o melhor de si...

É dificil escrever sobre isto ... existem muitas coisas em jogo para analisar e dizer...

Recomenda a esse teu amigo aquele livro : Zen e a arte de amar... mas aposto que ele deve ser dos que diz que isso é uma fantochada.

Talvez seja melhor ele reflectir no que verdadeiramente sente... relações cor de rosa não existem mas quando se ama os sacrificios nem têm esse nome e constrói se algo sempre...

Há uns tempos atras alguem me dizia que eu fazia muitos sacrificios por certas pessoas... sabes que eu nunca senti que eram sacrificios mas atitudes perfeitamente normais de quem ama e de quem dá porque se sente bem a dar a quem ama...

Se quiseres pôr mais questões e se te puder ajudar diz... escrever neste quadradinho é complicado...já não sei o que escrevi... os dedos não acompanham os meus pensamentos... perco me...e isso deixa me... irritada porque queria trabsmitir muita coisa que fui aprendendo na vida e que se eu tivesse sabido em determinadas alturas tinha me ajudado muito... mas nada como viver as coisas para as aprender Contadas pelos outros não tem a mesma validade.

Mas atenção... isto é só a minha maneira de sentir a vida e de estar nela...

Beijo....

Anónimo disse...

Sabes, também não gostei quando ele disse friamente: "Se ela então vive em constante dúvida talvez seja melhor nem perder tempo com ela.", porque acho que se ela vive em constante dúvida e ele gosta tanto dela, o que lhe cabe a ele fazer é ajudá-la, primeiro fazendo com que ela delimite as causas que provocam a suas dúvidas para que depois ela própria possa eliminá-las. Só ela própria pode substituir as suas dúvidas e desconfianças por fé e confiança.

Quanto a não comentares no meu blog, agradeço a tua preocupação, mas na realidade o meu blog foge um pouco da normalidade dos outros blogs... é mais como um canal de comunicação directo a alguém. Acho que nos temos dado bem na nossa troca de opiniões através dos comentários no teu blog... não te preocupes, podemos continuar por aqui que por mim está bem assim.

um beijo...

(...) disse...

Também já tive um blog assim... que serviu de canal de comunicação... :)

Desgosta me esta coisa de as pessoas tratarem as outras como marionetas e as relações como se fossem empresas... só procuram lucro... e de uma forma imediata... e querem fazer poucos investimentos...

Beijo...