segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nota 153...


" Quem é mais rico - o homem que vive numa casa velha rodeado de jóias que não reconhece, ou alguém que compreende o valor do que tem e vive com todo o conforto? "
Yongey Mingyur Rinpoche in " A Alegria de Viver"
Muitas vezes não damos valor ao que temos. Queremos mais e mais mas quase sempre de bens que pensamos trazerem-nos felicidade. Tanto tempo gasto a conseguir certas coisas e a perder o essencial... Que é mais importante, um par de sapatos extra ou um abraço sentido? Um carro novo ou momentos de cumplicidade? Magoam-me as prioridades das pessoas.

2 comentários:

BlackQuartzo disse...

As prioridades são algo de curioso. Por exemplo... Imaginei comprar uma casa, alguns anos atrás porque previa que brevemente iria estar junto com a mulher que amo e o meu filho... sonhava com todos lá em casa. Afinal de contas hoje a casa passa o dia fechada sozinha.
Há poucos anos atrás resolvi comprar um carro melhor... não para me exibir e andar no engate das meninas, mas para poder transportar o meu filho em milhares de kilometros, em segurança extra... porque essa diferença pode ser a diferença entre a vida e a morte na estrada.
Adoraria que a mulher que amo levasse o meu filho também com esse carro a todo lado.
Afinal, vejo agora que é um carro que praticamente só serve para meu transporte.
Interessante como algumas pessoas podem ter inveja dos bens dos outros... sem entenderem a razão da existência e do esforço empregue, em cada dia, para alcançar esses bens.

Certos dias, interrogo-me ainda para quê tanto esforço meu...

(...) disse...

Eu entendo-te perfeitamente e já passei por situações semelhantes. Uma coisa aprendi... os nossos sonhos são os nossos sonhos e quando queremos envolver outras pessoas neles acabamos por sair decepcionados. Agora sempre tento sonhar coisas que só envolvem a minha pessoa. Eu tenho os meus sonhos, os outros os deles e acontece que por vezes se cruzam o que é muito bom. Na maior parte das vezes e porque cada pessoa é um ser único isso não acontece. Há que respeitar, entender e aceitar. Mas já fui realizando alguns... simplesmente entendi que não temos todos os mesmos gostos, não ansiamos todos pelas mesmas coisas. Pode não parecer mas o trajecto de vida é sempre algo muito solitário apesar de estarmos rodeados de pessoas.Por isso quando toca a prioridades as minhas vão para o afecto. É algo mais imediato, todos precisamos... repara... podemos sonhar com uma casa... avançamos para esse projecto... mas depois as pessoas mudam, as circuntancias da vida mudam, outros sonhos aparecem e ali estamos estagnados presos a algo que deixou de fazer sentido.
Eu sei que as pessoas têm inveja de muita coisa mas isso é tão ridículo, afinal está tanta coisa por detrás de uma simples acção...

Esforço... acredito que te esforces... acredito mesmo, mas será que estás a usar o teu esforço no sentido que deve ser usado? Será que não deves ter em conta os sonhos dos outros, a maneira de ser dos outros...? É bonito teres pensado dessa forma quando compraste a casa e o carro mas será que era isso que eles queriam também? Será que o teu filho queria fazer esses quilometros todos?
Estive uma vez para comprar uma quinta no Alentejo... era e ainda é um sonho que tenho... quando interroguei o meu filho ele só me perguntou: Mãe... dá para ter computador lá? Isso abriu-me os olhos na altura. É impossivel pensarmos pelos outros, sentirmos pelos outros. O que é bom para nós pode não ser para mais ninguém. Por isso para certas coisas tem de haver muito diálogo e sensibilidade até se tomar uma decisão. Muitos sonhos meus de criança foram por àgua abaixo e não têm hipotese de serem recuperados por isso tento adaptar-me às circuntâncias Não deixo no entanto de sonhar mas de forma mais... consistente... a vida vai-nos ensinando muita coisa, até a sonhar!